Vila Verde abre-se a investidores e novas produções agrícolas
“Agricultura e o Mundo Rural” abriu ciclo de conferências do PSD ‘Vila Verde 2030’.
Júlia Fernandes conduziu conferência com Arlindo Cunha, Mota Alves e José Manuel Pereira
Proposta criação de mercado local e gabinetes de apoio para promover potencialidades agrícolas
O concelho de Vila Verde dispõe de grandes potencialidades para a produção agrícola, de tal forma que têm permitido a introdução de algumas novas culturas com sucesso e a implantação de projetos que poderão tirar partido de um novo quadro de fundos comunitários que valorize os territórios de minifúndio.
A vereadora Júlia Fernandes lançou a conferência sobre “Agricultura e o Mundo Rural”, que na noite desta sexta-feira marcou a abertura do ciclo de conferências do PSD ‘Vila Verde 2030’. Destacou propostas para reforçar a diversidade e a rentabilidade de produções, sempre com o objetivo de atrair jovens e fixar população.
Júlia Fernandes sublinhou o reconhecimento de que não é possível assegurar o desenvolvimento rural sem uma aposta estratégica séria na agricultura. Nesse sentido, destacou o impacto de propostas para o lançamento de um mercado de produtos locais e a criação de gabinetes de apoio técnico a novos investidores e novas produções.
Numa conferência transmitida via zoom pelo facebook e com uma audiência média superior a 120 pessoas, o ex-ministro da agricultura Arlindo Cunha abriu a porta quanto à expectativa dos fundos europeus do próximo quadro comunitário reforçarem os apoios aos produtores mais pequenos e de minifúndios.
Uma notícia bem acolhida pelos presidentes da ATAHCA, Mota Alves, e da cooperativa agrícola CAVIVER, José Manuel Pereira.
Em defesa do desenvolvimento rural em territórios de baixa densidade como Vila Verde, Mota Alves destacou algumas novas culturas com maior pujança no concelho – como os pequenos frutos -, mas apontou a necessidade de se ganhar escala em produções ainda em desenvolvimento, como os citrinos.
O líder da Atahca defendeu a criação de mercados de produtos locais para ajudar à rentabilidade das produções, assim como o investimento na modernização das comunicações, designadamente a fibra ótica, pela sua importância para a fixação dos jovens e para a agricultura de precisão.
Vila Verde mais forte em mirtilo, kiwi e vinho tinto
A comprovar as “grandes potencialidades de Vila Verde na produção agrícola”, Mota Alves apontou a introdução de novas variedades de produções agrícolas com particular sucesso nas freguesias a norte do concelho, como é o caso dos mirtilos – com uma produção de 50 hectares atingida no concelho em 2020, envolvendo 38 agricultores.
“Ser território de minifúndio não significa que não possa ser rentável”, frisou, embora reconhecendo que há outras culturas com menos sucesso – como framboesa, amora e maracujá, devido à elevada mortalidade das produções.
Na vinha, tem-se registado um decréscimo nas últimas décadas, por força de uma grande reestruturação: dos 274 mil hectares de vinha atualmente existentes, mais de 250 hectares são vinhas novas, com boa rentabilidade. Mota Alves destacou que “Vila Verde e Ponte da Barca têm condições para produzir os melhores tintos de Vinho Verde”.
Num concelho que tem das mais antigas produções de kiwi – que neste momento compreendem cerca de 90 hectares -, o presidente da Atahca salientou que há também novos projetos interessantes destes frutos.
Em boa evolução, mas a precisar de maior escala para viabilizar circuitos de comercialização, estão também as produções de citrinos (atualmente com 10 hectares de exploração e que até 2030 poderão chegar aos 50 hectares), de cidrão, maçã porta-da-loja (uma variedade regional muito identificada com o Minho) e cogumelos (onde é preciso garantir maior apoio técnico para acautelar os elevados índices de mortalidade).
Produção de carne de elevada qualidade
Na contextualização das potencialidades do concelho, Mota Alves destacou ainda os elevados padrões de qualidade ao nível da criação animal, destacando as raças bovinas barrosã e minhota. Uma situação que o presidente da cooperativa agrícola CAVIVER, José Manuel Pereira, identificou e comprovou, mas que acarreta custos mais elevados num concelho com a extensão e a diversidade de produções como Vila Verde.
“Temos carne e produção de qualidade elevada. Estamos a investir na produção controlada e na sanidade animal. É importante. Mas sai caro, sobretudo no nosso concelho de minifúndio, extenso e com muita dispersão de explorações. Por causa da sanidade, estamos em grande dificuldade nos preços. Há concelhos onde é possível praticar preços mais baixos. Mas as pequenas explorações são importantes e vamos continuar”, garantiu José Manuel Pereira, também produtor e empresário no setor das carnes.
O responsável da cooperativa vilaverdense reclamou o reforço de programas de apoio e incentivo para assegurar o acompanhamento e a sobrevivência das explorações. A CAVIVER tem assumido um esforço particular também no trabalho de aconselhamento e formação. Em 2020 somou “2700 horas de formação gratuita”, em áreas como a utilização em segurança de máquinas agrícolas e produtos fitofármacos.
No concelho de Vila Verde, a CAVIVER regista cerca 419 explorações bovinas e 522 explorações de ruminantes ativas, nas quais apenas ocorreu um caso positivo de brucelose em três anos. José Manuel Pereira congratulou-se ainda com a existência de jovens a lançar novas explorações.
Mota Alves aproveitou para reforçar o desafio “a quem tem terras ou pense investir na agricultura para, antes de avançar com os projetos, procurar ajuda técnica e avaliar a melhor rentabilidade”, apontando ainda o enoturismo como uma aposta para promover o desenvolvimento rural, associando a agricultura à gastronomia e produtos locais, como os Lenços dos Namorados.