Descentralizar dará mais saúde aos portugueses

Papel das autarquias realçado na sessão online “Saúde – para alem da pandemia” promovida pelo PSD/Vila Verde

Se Governo descentralizar, os Municípios podem ser decisivos para acelerar processo de vacinação Covid19

Os municípios podem vir a assumir um papel determinante para acelerar o ritmo de vacinação da população contra a Covid-19, que continua a decorrer de forma “lentíssima” – conforme alertaram os médicos que participaram na conferência online “Saúde – para além da pandemia”, promovida na noite de quinta-feira pela concelhia do PSD de Vila Verde.

O reforço da intervenção cada vez maior das autarquias no domínio da saúde – uma área clara e objetivamente da competência do governo e da administração central – visa superar os sucessivos problemas e dificuldades que têm emperrado o processo de vacinação, contrariando as sucessivas previsões mais otimistas para uma eventual imunidade de grupo.

Conduzida pela vereadora Júlia Fernandes, a conferência evidenciou que a descentralização do processo é uma opção para melhorar os índices de concretização e eficácia, como de resto já se tem verificado nas mais diversas áreas e ficou mais uma vez expresso no combate à pandemia Covid-19.

Os médicos Luís Sousa (coordenador da Unidade de Saúde Familiar Maria da Fonte, na Póvoa de Lanhoso), Ricardo Mexia (epidemiologista e presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública) e Ricardo Baptista Leite (deputado e porta-voz do PSD para a área da saúde) foram unânimes em reconhecer a importância da intervenção das autarquias, ainda para mais numa altura em que ganha cada vez mais força o peso da identificação de áreas seguras ao nível da saúde, designadamente para a atividade turística.

Mais saúde

A juntar às diversas áreas que têm assumido para otimizar recursos públicos e para “compensar as falhas e incapacidades” do Poder Central, os municípios podem dar ainda um contributo decisivo para alterar a conceção de uma política de saúde meramente reativa e de assistência à doença, para uma prática preventiva e de promoção da vida com saúde.

“Infelizmente, a forma como está desenhado o sistema de saúde em Portugal está errada, porque está virado para a doença, numa conceção industrializada e em que será melhor quanto mais fizer em atos médicos e hospitalares, como cirurgias e internamentos. Mas as pessoas quando chegam ao hospital é porque falhou tudo o que estava para trás”, defendeu Ricardo Baptista Leite. Frisou que é preciso promover e garantir saúde, para evitar ao máximo as doenças e necessidade de tratamento.

Os três médicos sublinharam aspetos positivos que podem derivar da experiência na luta contra a Covid-19. Além do uso de máscara, Ricardo Mexia destacou a redução de hábitos de risco, como alguém ir para o trabalho ou cumprimentar os outros, apesar de ter já sinais de doença. O teletrabalho e o ensino á distância são exemplos de oportunidades que se abrem, em situações de pessoas e crianças com necessidade de resguardarem, designadamente em períodos de convalescença de doença.

Quanto ao regresso à normalidade da vida comunitária, designadamente com a possibilidade do regresso de festas populares e convívios, os participantes na sessão remeteram para uma perspetiva positiva para depois do próximo inverno.

O médico vilaverdense Luís Sousa – que recuperou sem mazelas da infeção pelo vírus SARS-Cov2 – mostrou-se esperançado que as lições da pandemia ajudem a acabar com suborçamentação do setor da saúde e que sejam reforçados também nas unidades locais de saúde, até porque é urgente recuperar os atrasos cumulados ao nível de diagnóstico e tratamento dos doentes não-Covid, sob pena de a sociedade pagar um preço demasiado alto em mortes prematuras, com riscos mais elevadas em pessoas com doenças raras e oncológicas.

As conferências online “Vila Verde 2030”, que o PSD/Vila Verde está a promover, prosseguem na próxima sexta-feira, dia 26, às 21h00, numa sessão sobre “Educação” e com a participação de David Justino (ex-ministro da Educação), Ana Isabel Lage (psicóloga), e João Graça (diretor da Escola Secundária de Vila Verde).